2
Alice e o mundo que não era uma maravilha
Todos os dias eu acordava na minha rotina hospitalar, aquele ambiente já não era mais estranho, pelo contrário, era muito familiar. Conhecia todos os cantos, escadas, elevadores, cada maquina de tomografia, ressonância, hemodiálise, cada porta, prontuário, enfermeiro, já era quase uma perita. Um dia foi diferente, vi um novo grupo, um grupo que chegava de ônibus, eu como boa anfitriã, tratei logo de conhecer os novos e infelizes colegas de turma, porém tive uma surpresa, eles não eram como eu descrevia, infelizes, o sorriso que eles tinham na face era um como eu nunca tive, eu na minha completa ignorância não entendia. Junior era um desses que eu não compreendia, fazia parte da hemodialise e era feliz, como podia ser tão feliz carregando tal infermidade, até que ele me mostrou, não me contou istorias, não chorou, não me falou de renda,condição social, apesar de eu saber que ele era de um vilarejo pobre que nem hospital tinha, apesar de todos os dia ter que sair as 4:00 para fazer hemodialise e voltar as 16:00 em um onibus que não tinha condições de transitar, ele demonstrou uma coisa nova para mim, um sorriso e uma vontade de viver impressionante, aquilo eu jamais havia conhecido e me fazia pensar, eu realmente mereço viver?